quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Feira de S. Mateus - Viseu

Regressado de férias, a curiosidade levou-me à baixa de Viseu, numa tentativa de descobrir aspectos renovados na milenar Feira de S. Mateus. A decepção foi grande! Comecei a visita pelo pavilhão multi-usos, onde circulavam as pessoas alheias ao mobiliário exposto, com o mesmo sentimento de tédio que me invadia a alma, enquanto os olhos divagavam por camas e aparadores de sala que já ninguém compra, à mistura com as lareiras e os colchões que ocupam o mesmo espaço em cada feira que passa. Já se pedia um pouco mais de criatividade na exposição daquele amontoado de móveis e, apesar de não ser muito diferente, já sentimos saudades do velho pavilhão A, onde, pelo menos, havia um café com natas na passagem de um pavilhão para outro e havia a exposição das actividades desenvolvidas pela Câmara.
Deixámos o pavilhão multiusos e percorremos a zona das barracas de artesanato, se de artesanato se trata. Não sabemos onde começam as artes tradicionais e entram os produtos marroquinos, chineses e de outros países africanos e asiáticos, numa mistura de fios, panos e ferramentas utilitárias. Deitamos as mãos à cabeça e só nos sai um "Valha-nos Deus".
O programa cultural é do mais pobre que vimos nos últimos anos. Há muito desporto amador, muitas bandas que procuram aquele espaço como momento de glória, muita música pimba e muita falta de senso em apresentar, num certame com a tradição desta feira, um programa tão pobre. Não há momentos que despertem interesse, acabaram-se os concursos de fotografia, os jogos florais, as esposições temporárias, as noites de variedades de fino gosto. Até as grandiosas noites promovidas pela Liga dos Amigos da Rádio Renascença, com o António Sala a apresentar, são já uma miragem no paupérrimo programa cultural da feira.
Valem os restaurantes e as diversões que, apesar da falta de inovação, apresentam-se de cara lavada e atraem pessoas. Se não abunda o dinheiro, pelo menos haja barriga cheia e circo, à boa maneira da Roma antiga.
Não quero crer que haja intenção de "matar" a tradição da velha Feira Franca, nem sou saudosista a ponto de não querer que as coisas mudem, antes pelo contrário. Desejo a mudança, mas que esta se traduza em melhor feira e melhor programa.
Fazemos votos para que se renove a Comissão da Feira de S. Mateus, única forma de esperarmos uma renovação deste velho certame que tanta gente traz à capital da Beira Alta.